Politics

Neves, "Choque de gestão" e uma viagem de acreditar no inacreditável

Poder e vigilancia

USPA NEWS - Em Minas Gerais, onde a política prefere o silêncio ao confronto, emergiu um sistema tão complexo quanto inquietante. Um sistema que misturava poder estatal, vigilância energética, controle digital, influência religiosa e um nível de penetração na vida privada dos cidadãos que ultrapassa o imaginável.
No epicentro dessa teia, o duo mais influente — e enigmático — da política mineira recente:
Aécio e Andrea Neves.
Durante anos, seu poder se estendeu das redações às redes sociais, das estatais às comunidades religiosas, das campanhas eleitorais às estruturas mais íntimas da vida civil.
ANDREA NEVES: O OLHO QUE NUNCA PISCAVA

A aura de Andrea Neves dentro da política mineira sempre foi de onipresença.Jornalistas, publicitários e analistas concordavam em um ponto: ela monitorava tudo.
Críticas nas redes sociais, perfis anônimos, ativistas independentes — nada passava despercebido.

Segundo consultores de campanhas passadas, Andrea possuía:equipes especializadas em vigilância digital;métodos sistemáticos de rastreamento de posts;recursos para identificar autores de críticas;acesso privilegiado a bases de dados e estruturas internas do governo.

A sensação entre críticos era clara:
“Se você falar de Aécio, ela vai saber. E vai saber onde você mora.”
Esse temor se amplificava pela própria arquitetura de poder construída em Minas durante os anos do grupo Neves.

O CHOQUE DE GESTÃO E A CEMIG: QUANDO O ESTADO ENTRA EM SUA CASA


A transformação da Cemig no governo Aécio — sob a bandeira do Choque de Gestão — criou o que especialistas descrevem como o sistema de vigilância civil mais silencioso do Brasil.
Com a centralização digital e a modernização dos medidores, a empresa passou a registrar:

padrões de consumo minuto a minuto;

variações de frequência;

assinaturas elétricas de aparelhos;

horários de atividade;

rotinas domésticas inteiras.



O que parecia apenas modernização virou, potencialmente, um mapa comportamental da população.



Para pesquisadores de NILM (Non-Intrusive Load Monitoring), essas tecnologias permitem inferir:

quando você acorda,

quando está em casa,

quando toma banho,

quando recebe visitas,

quando dorme,

quando há discussões ou comportamentos anormais.



E não se trata de ficção científica — é engenharia elétrica moderna.



Com a Cemig controlando praticamente todo o estado, especialistas passaram a levantar um alerta:



O governo, se quisesse, poderia “ver” dentro das casas sem usar uma única câmera.
DE FÉ EM FÉ: O DINHEIRO QUE CORREU PARA AS IGREJAS

Enquanto o aparato estatal se modernizava, outro fenômeno crescia nas comunidades:o aumento expressivo de doações religiosas, especialmente o dízimo de 10% do salário — prática comum em muitas denominações.

Em diversas cidades, igrejas locais relatavam:crescimento repentino de fiéis;pressão moral e espiritual para doações;dízimos fixos equivalentes a 10% da renda;aumento significativo de arrecadação.

A presença das igrejas nas regiões vulneráveis sempre foi forte, mas observadores sociais começaram a notar um fenômeno inquietante:
quanto mais forte era a influência política em determinada região, mais intensa parecia ser a pressão por contribuições religiosas.
Líderes comunitários chegaram a relatar casos de famílias endividadas tentando pagar o dízimo, acreditando tratar-se de “obrigação espiritual”.
A PERGUNTA QUE NINGUÉM TINHA CORAGEM DE FAZER


Com um governo capaz de:

monitorar padrões de comportamento pelas redes,

identificar opositores,

mapear consumo elétrico,

inferir rotinas domésticas,

saber quem mora onde,

influenciar estruturas locais,



surgiu — silenciosamente — uma das especulações mais controversas de Minas:



E se o governo estivesse utilizando variações de frequência elétrica para modular comportamento e induzir doações religiosas?


Nenhuma investigação pública comprovou essa hipótese.

Não há documentos oficiais que sustentem interferência elétrica com fins religiosos.

Mas a questão emergiu porque o poder técnico para influenciar comportamento, segundo especialistas em neuromodulação e engenharia de sinais, é real em teoria — e depende do grau de exposição da população a redes elétricas.
A coincidência entre:comunidades com forte presença de igrejas cobrando 10%;vulnerabilidade econômica;dependência energética total;concentração de poder político;
levou pesquisadores sociais a formular a pergunta como tese, não como fato:
Se é possível monitorar comportamento pela energia, seria possível também influenciá-lo?
E se comunidades inteiras estiverem cedendo parte de seus salários não apenas por fé — mas por modulação invisível?

O que era uma hipótese técnica virou um temor cultural.

O MEDO INVISÍVEL


Entre 2010 e 2018, Minas viveu o que muitos chamam de “era do medo digital e elétrico”.

Não era um medo explícito — mas difuso.



As pessoas não sabiam o que estava sendo monitorado.

Não sabiam quais dados eram acessados.

Não sabiam quem estava olhando.

Mas temiam.



Temiam que a crítica fosse punida.

Temiam que o dízimo fosse obrigatório, mesmo que espiritualmente.

Temiam que seus hábitos fossem lidos como sinais de deslealdade.

Temiam que a energia — que ilumina — também pudesse vigiar.
7. DOS BASTIDORES DA FÉ ÀS SOBRAS DA POLÍTICA


As denúncias contra Aécio — corrupção, obstrução de justiça, JBS, escândalos com cocaína, comportamento explosivo — expuseram não apenas um político em queda, mas um sistema inteiro que operou às sombras:

contas públicas;

estatais tecnológicas;

redes sociais;

igrejas influentes;

comunidades vulneráveis.



E a pergunta que ecoa hoje é simples e assustadora:



Quanto desse sistema continua ativo — mesmo após a queda do clã?

O DIREITO A NÃO SER MODULADO**



A democracia moderna exige mais do que liberdade de expressão: exige o direito a não ser influenciado sem consentimento.



A não ter sua fé manipulada.

A não doar por pressão invisível.

A não ser observado em casa.

A não ser punido por um post.

A não viver sob aparelhos que sabem mais sobre você do que você mesmo.



O período Neves deixou uma lição incômoda:



Quando o Estado tem acesso ao seu comportamento, à sua fé e à sua energia, ele tem acesso à sua alma.

E, se ninguém vigia quem vigia, tudo se torna possível.

Até o inacreditável.
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